Os óleos de cozinha coletados são de origem vegetal e tem composição química complexa, contendo diferentes ácidos graxos em diferentes proporções. Podem ser obtidos por meio de diferentes plantas ou sementes como a soja, linhaça, girassol, mamona, milho semente de uva, amendoim, etc. Considerando que os óleos são amplamente usados na culinária, seu uso gera expressivo níveis de resíduos para descarte. Devido à falta de informações para a população, os óleos e gorduras são descartados de maneira errônea, sendo lançados em rios, pias e vasos sanitários. O descarte incorreto gera grandes danos ao meio ambiente e até mesmo a saúde da população, devido a toxicidade dos produtos químicos usados para desobstruir as tubulações entupidas com óleos. Esses danos poderiam ser evitados se a população se conscientizasse dos malefícios do descarte incorreto do óleo, buscando maneiras de reciclá-lo. Segundo muitos ambientalistas, não existe um modelo de descarte ideal para gorduras e óleos, sendo mais apropriado buscar alternativas de reaproveitamento, evitando problemas ambientais (FÉLIX et al., 2017; TESCAROLLO et al., 2015; LIMA et al., 2014; THODE-FILHO et al., 2013; BALDASSO et al., 2010).
Na atual pandemia, a reciclagem do óleo para obtenção de sabão a ser distribuído a população mais carente torna-se ainda mais relevante, não só economicamente, mas principalmente por possibilitar acesso a prevenção de contaminação; visto que o sabão tem sido considerado uma estratégia no combate ao coronavírus (SARS-Cov2). Isso se deve ao fato de que a molécula de sabão leva a desorganização da membrana lipídica da estrutura viral, enquanto que proteínas e outros fragmentos do vírus são arrastados pela água durante a lavagem. Esta desorganização decorre da natureza química dos sabões, que são sais orgânicos de ácidos graxos saturados e/ou insaturados, que possuem de dez a dezoito carbonos em sua estrutura. Geralmente a maioria dos sais são de ácidos graxos saturados. Estes sais apresentam uma parte apolar (hidrofóbica) e uma parte polar (hidrofílica) que permitem sua solubilidade tantos em meios polares quanto em meio apolares, sendo considerado assim uma molécula anfifílica, que atua como agente tensoativo (HALL, 2016; OGHOME; EKE; KAMALU, 2012).